Brasil - Bahia - Salvador - Mercado Modelo
Erguido em 1861 para funcionar como Casa da Alfândega, o Mercado Modelo mantém a arquitetura neoclássica original mesmo depois de ter sofrido dois incêndios (1969 e 1984).Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, o espaço abriga centenas de boxes que vendem de fitinhas do Bonfim a roupas e artigos para casa. Por lá, a regra é pechinchar por conta dos preços altos praticados por alguns lojistas. Além da feira do artesanato, o mercado tem como atrativo as rodas de capoeira que movimentam a parte de trás da construção aos sábados.
. Inaugurado em 9 de dezembro de 1912, o Mercado Modelo funcionava como principal centro de abastecimento da cidade de Salvador. Nele eram comercializados os gêneros alimentícios, frutas, verduras, carnes, aves, peixes, farinhas, os camarões salgados, as pimentas recém-colhidas, charutos do Recôncavo e cachaças de alambiques de toda Bahia. Produtos esses que chegavam do Recôncavo, nos saveiros e das pequenas roças ao redor da cidade. O primeiro prédio que sediou o Mercado Modelo ficava entre a Casa da Alfândega, prédio atual, e a Escola de Aprendizes de Marinheiro, em frente a rampa do Mercado. Somente em 1971 após mais um incêndio, ocorrido em 1969 que destruiria completamente o antigo prédio, o Mercado Modelo se mudaria para Casa da Alfândega, imponente prédio federal, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN em 1966.



Na ocasião da visita da família Real Inglesa, em 1968, a Rainha foi prese
nteada com uma Penca de balangandãs. A réplica do artefato passou a ser procurada por todos os visitantes que queriam um igual ao da Rainha. Atualmente é uma das lembranças mais compradas nas lojas do Mercado Modelo.
Nessa mesma visita o Príncipe Philip bebeu um copo duplo de cachaça Suspiro de Virgem em um gole só, como todo bom baiano, para delírio da multidão que acompanhava a comitiva.
Os dois restaurantes no 2° andar, o Camafeu de Oxóssi e Maria de São Pedro ocupam o mesmo espaço, convivendo em perfeita harmonia.
O subsolo do Mercado Modelo possui túneis sustentados por arcadas, redescobertos na última reforma, que foram construídos para ser uma cava para armazenar vinhos e outras mercadorias que necessitavam de umidade. Diz a lenda que era no subsolo que ficavam os escravos recém chegados. O local, que fica abaixo do nível do mar, fica constantemente alagado, mas proporciona uma inesquecível visita. Não deixe de conhecer.
Os vigias que tomam conta do mercado a noite relatam que ouvem ruídos de corrente dos escravos que, segundo a lenda, teriam habitado o subsolo.

O prédio reproduz formas neoclássicas consagradas da segunda metade do século XIX, com uma planta quadrada e uma construção circular ao fundo, que antes servia para atracamento dos navios de mercadorias. Com essa mudança de local e por pressão da CEASA e dos supermercados, que começavam a se proliferar pela cidade, o Mercado Modelo alteraria sua vocação de comercialização de gêneros alimentícios, para venda de artesanato e produtos típicos da Bahia, com administração da prefeitura. A história do Mercado Modelo é marcada por tragédias provocadas por grandes incêndios. O último deles ocorrido em 1984, já no prédio atual, que foi totalmente restaurado respeitando o plano arquitetônico original. Foram introduzidas algumas modificações, como concreto pré-moldado, cobertura de telhas coloniais e novos equipamentos de prevenção de incêndio.

O Comércio de roupas e panos usados, conhecido comobelchiores, começou com as jovens viúvas, que para seus sustentos, vendiam as roupas de seus recentes falecidos maridos.
O nome das ruas internas do Mercado Modelo são homenagens aos mais antigos e famosos comerciantes e personalidades, como Irmã Dulce.
Foi no Mercado Modelo que Jorge Amado, exímio freqüentador, se inspirou para criar uma das suas novelas, A morte e a morte de Quincas Berro D'água. Diz a história que Quincas, freguês habitual dos bares e conhecido bebedor de cachaça, ao ver uma garrafa no balcão, encheu um copo e virou-o de uma vez, para logo em seguida desferir um berro fora do normal, como o de um animal ferido ou marido traído. Águuuuuuua!
Assim como Jorge Amado, outros nomes de personalidades figuravam como freqüentadores do Mercado Modelo. Os intelectuais Sartre, Simone de Beavouir, Pablo Neruda, Aldous Huxley, Érico Veríssimo, Caribé e cineastas como Orson Wells, Clouzot, Roberto Rosselini e Louis Malle.
